quarta-feira, 14 de abril de 2010

Irritado com mudanças, Requião ameaça tirar apoio a Pessuti

         Orlando Pessuti e Roberto Requião: saída de aliados do ex-governador das  secretarias estaduais provocou um “racha” no PMDB

A nomeação de seis novos secretários estaduais ontem abriu uma crise entre o governador Orlando Pessuti e seu antecessor, Roberto Requião. O principal ponto de discórdia entre os dois peemedebistas está na exoneração de Luiz Fer­­nando Delazari da pasta de Se­­­gurança Pública, que passa a ser chefiada pelo coronel Aramis Linhares Serpa. Por meio do Twitter, Requião, que renunciou ao cargo no fim do mês passado para se candidatar ao Se­­­nado, criticou quase todas as nomeações e afirmou, sem citar nomes: “Quer conhecer o vilão, dê (a ele) o bastão”.
Além disso, em uma ameaça velada ao sucessor, disse que, se Pessuti não viabilizar a pré-candidatura ao governo do estado nos próximos 30 dias, o PMDB irá buscar alianças para as eleições de outubro. Na última pesquisa do Da­­tafolha, divulgada em março, Pessuti aparece com 8% das intenções de voto.
Em 2007, Delazari abriu mão de uma carreira de 14 anos como promotor de Justiça no Ministério Público Estadual para poder continuar na função de secretário de estado. Por essa decisão, era tido como um dos homens de confiança de Requião, tanto que foi mantido no cargo apesar da forte pressão que o ex-chefe do Executivo estadual sofria para demiti-lo. “Delazari sai da Secretaria de Segurança. Leal, íntegro e competente. Continuaria meu secretário. Obrigado, Lula”, escreveu Requião no Twitter, mencionado o apelido do ex-secretário. Membros da cúpula do PMDB estadual comentam que Requião está “furioso” com a atitude de Pessuti de mexer em postos-chave do governo. No Twitter, o ex-governador criticou praticamente todas as nomeações anunciadas ontem. Entre elas, a de Mário César Stamm Junior para a Secretaria dos Transportes no lugar de Rogério Tizzot. “Tizzot zerou a manutenção das estradas abandonadas do Paraná. Foi demitido sem aviso prévio. Obrigado pelo excelente trabalho”, afirmou Requião. Ele elogiou apenas a nomeação de Marco Antônio Berberi para a Secretaria de Governo, ao dizer “enfim uma boa escolha”.
Nos bastidores, especula-se ainda que Requião está irritado com a imagem de conciliador que Pessuti tem passado nos primeiros dias de governo – perfil totalmente oposto ao do antecessor. O descontentamento chegou a tal ponto ontem, como mostram as mensagens postadas no Twitter, que o ex-governador deu um ultimato para que Pessuti fortaleça a pré-candidatura ao Palácio Iguaçu num prazo de um mês, sob pena de o PMDB “costurar uma aliança que garanta as linhas básicas de nosso governo”. Questionado sobre as declarações de Requião, Pessuti afirmou que não podia avaliar pelo que não leu. O governador disse também que sempre trabalhou junto com o antecessor e sua equipe e que continuará caminhando lado a lado com ele, inclusive na eleição. “Em um processo democrático, é natural que algumas trocas acontecessem. Até porque, as 25 exonerações motivadas pelo processo eleitoral nos obrigaram a fazer alguns remanejamentos”, declarou. “Eram mudanças necessárias e providenciais para que as coisas possam funcionar. Mas tivemos o cuidado de buscar pessoas que já integravam nossa equipe, tanto que não nomeamos nenhum corpo estranho.”
Torpedos
Ainda de acordo com ele, Requião foi avisado sobre a mudança de secretários na semana passada, por meio de mensagens de celular – os torpedos, no entanto, não foram respondidos. “Os secretários exonerados também foram previamente avisados, inclusive de que poderiam ser remanejados para outros cargos”, garantiu.
Para partidários pró-Requião, as últimas decisões de Pessuti deixam claro que ele está se cercando de pessoas de confiança, que o ajudem na caminhada eleitoral até outubro – sobretudo, pelo fato de o PMDB nunca ter aderido por completo à candidatura dele ao governo do estado.

Racha no PMDB
Na sessão de ontem na Assembleia Legislativa, o deputado Nereu Moura, um dos principais entusiastas da candidatura de Pessuti a governador, criticou a manifestação de Requião e disse que as declarações não contribuem em nada para unir o PMDB. “O Requião tem de entender que ele precisa do Pessuti para ter sucesso eleitoral. E o Pessuti precisa saber que também precisa do Requião. A briga entre os dois é muito ruim”, avaliou. Moura defendeu que Requião, como ex-governador, deve dar suporte político e administrativo para Pessuti crescer nas pesquisas e se tornar um candidato competitivo na eleição. “Esse exagero do Requião não leva a nada. O Pessuti não quer briga com ele”, garantiu. O líder do governo na Casa, Luiz Cláudio Romanelli, também reprovou as mensagens do ex-governador. Ele disse que a política é “nobre” e não deve ser discutida pelo Twitter. Já o presidente estadual do PMDB, deputado Waldyr Pugliesi, adotou um discurso conciliador. “Temos de trabalhar naquilo que nos aproxima, não aprofundar divergências”, afirmou. Segundo ele, é preciso manter as conquistas dos últimos sete anos de governo e continuar a parceria das políticas que foram implantadas.
fonte: Gazeta do povo

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